Falta de investimentos, estrutura precária e ausência do Estado marcam os últimos anos em cidades esquecidas pela gestão do governador Wilson Lima.
Eirunepé, a cidade mais antiga da calha do Juruá, enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história. Localizada no extremo oeste do Amazonas, a cidade é o retrato do abandono do interior pelo governo estadual. A situação crítica atinge não apenas Eirunepé, mas também os demais municípios da região do Juruá, como Ipixuna, Guajará, Envira e Itamarati, todos mergulhados em uma rotina de descaso, falta de estrutura e ausência de políticas públicas efetivas.
Segurança pública à míngua
Na área da segurança, o cenário é desolador. Viaturas sucateadas, quartéis abandonados, falta de efetivo e nenhuma perspectiva de melhoria. Em Eirunepé, o quartel da Polícia Militar está em ruínas. Muitos agentes fazem o possível com o pouco que têm, mas o clima é de desmotivação. Não há concurso público para reposição de pessoal, nem equipamentos modernos. O sentimento é de que o interior foi esquecido pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas.
Saúde em colapso
A saúde também sofre. A cidade não possui nem mesmo um equipamento para realizar exames simples, como a tomografia computadorizada essencial para diagnósticos neurológicos e de urgência. Exames precisam ser feitos em outras cidades, muitas vezes a centenas de quilômetros, gerando atrasos que podem custar vidas. A estrutura hospitalar é mínima e os profissionais da saúde trabalham no limite, sem o suporte necessário.
Educação sem rumo
A educação também clama por socorro. Escolas mal estruturadas, sem climatização, com quadros precários e material didático insuficiente. Professores desmotivados enfrentam a falta de valorização profissional e ausência de incentivos por parte do Estado. O ensino de qualidade, tão prometido, não chegou ao Juruá.
Falta tudo: infraestrutura, apoio e esperança
Não há obras de impacto do governo estadual em Eirunepé nos últimos quatro anos. Nenhuma grande construção, nenhuma iniciativa visível que demonstre a presença do Estado. O município, como tantos outros, precisa caminhar com as próprias pernas. Prefeituras sobrecarregadas assumem responsabilidades que deveriam ser compartilhadas com o governo estadual.
Além disso, há anos não se realiza concurso público para suprir a demanda de servidores em diversas áreas. Faltam médicos, enfermeiros, professores, policiais, engenheiros, técnicos e administrativos. Falta também uma política de incentivos para o desenvolvimento econômico regional. A juventude não vê oportunidades e acaba migrando em busca de um futuro melhor.
Custo político do abandono
Para muitos, o motivo do esquecimento é simples: o baixo número de votos que o interior oferece em comparação à capital. A lógica política parece ser: “onde não há retorno eleitoral, não há investimento.” Uma lógica perversa que marginaliza milhares de amazonenses.
Conclusão
A população de Eirunepé e das demais cidades do Juruá não quer privilégios apenas respeito e dignidade. Querem segurança, saúde, educação e oportunidades, direitos garantidos pela Constituição e que deveriam ser assegurados pelo Governo do Estado.
O interior pede socorro. E a pergunta que fica é: até quando seremos esquecidos?